No último sábado (26/03/2011) eu estive, mais uma vez, assistindo ao culto na Igreja Adventista do UNASP, campus São Paulo. Foi um culto de ótimo nível, que fugiu à regra geral recorrente naquele templo. Houve dedicação de crianças, o coral Carlos Gomes, sob a regência do professor Turíbio de Burgo, apresentou-se bem, como de costume, um conjunto de metais se fez presente, acompanhando o coral e, também, o canto congregacional, ofertórios e afins.
Naquele culto falou-se da despedida do pastor Gideão Santiago que foi chamado para trabalhar na igreja do bairro Vila das Belezas. Choros e sorrisos se fizeram ver e ouvir.
Milagrosamente tivemos um bom sermão. Bom sermão? Sob o ponto de vista de um agnóstico teísta? Isso mesmo. O sermão foi bom porque cumpriu uma finalidade social interessante. Sendo sermão ou sendo discurso, quando um fim social nobre é invocado, merece apreço. Quer seja feito por teístas ou ateístas.
O sermão escudou-se no texto bíblico do Novo Testamento: “o bom samaritano”. O foco foi mais ou menos o seguinte: o alvo dos membros deve ser colaborar para o bem estar do próximo que está perto. Sim, isso mesmo. O próximo, no sentido bíblico, que está no Japão, sofrendo as mazelas dos terremotos e tsunamis, é um próximo que está distante. O foco, portanto, deve ser o próximo que está ao lado. Vizinho, colega de trabalho, de escola e afins...
Segundo ênfase do pastor Itaniel Silva, titular naquele templo, ajudar o próximo que está distante é cômodo. O próximo, na maioria das vezes, nem saberá de quem veio o auxílio. Ajudando o próximo que está perto existe uma condição adicional: a de acompanhar de perto. O próximo que está perto é acessível. Será mais prático cultivar um relacionamento duradouro (eis aqui uma pontinha de proselitismo – que tanto me incomoda).
Sobre a finalidade social
Fiquei pensando, ao longo da mensagem, que um sermão como aquele poderia ser pregado em qualquer agremiação religiosa. Poderia, até, ser utilizado como um discurso de chamamento à solidariedade humana, independentemente de crenças ou ausência delas. Fazer o bem para quem está próximo não é, necessariamente, um ato religioso. É, antes de tudo, um ato de respeito à humanidade.
Quando se invoca o bem estar social individual ou coletivo, a religiosidade perde espaço para algo muito mais nobre: a sensibilidade humana em prol de quem precisa. Um alento, no formato prático, vindo de um criacionista ou de um ateu, surte o mesmo efeito. A fome saneada, por quem crê ou por quem não crê, apresenta o mesmo resultado no corpo de quem recebeu o auxílio.
Freio social
Pensei, também, que um sermão social como o daquele sábado, cumpre mais um papel. O de manter a massa humana sob os sustentáculos da fé e da esperança. A fé e a esperança movem nações e induzem os homens à prática do bem. A prática das boas obras incentivada, por quem quer que seja, tem grande valor.
A religiosidade passa a ser um mero detalhe. A religião é falsa ou verdadeira? Não é bem isso que importa, dentro da linha de raciocínio que proponho. O que importa mesmo é o bem estar individual e coletivo que ela, a religião, pode trazer. Tanto faz se o religioso adora deus “a”, “b”, ou “c”.
É quando a religião se torna um mero detalhe...
Enéias Teles Borges
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