26 de fevereiro de 2011

Um culto carismático

O culto de hoje causaria estranheza aos mais afeitos à teologia adventista conservadora. Não fosse num sábado e se não fosse na igreja do Unasp-São Paulo, os desavisados certamente tomariam um susto. É igreja adventista ou uma igreja carismática?

Dedicação de uma criança

Foi um dos poucos pontos que merecem destaque positivo. Algo rápido e objetivo, um solo muito bem feito pela jovem cantora. Conduzida pelo pastor Gideão Santiago.

Serviço de cânticos

É bom ver a igreja cantar e cantou bem. Cantou em vozes, sob a batuta do maestro Silmar, que tem toda a postura de um militante pentecostal. Pelo menos na forma como rege, expressa-se e conduz a música.

Pedido de oração antes da mensagem musical

Dois casos contrastantes, apresentados pelo pastor Vinícius Mazaro. No primeiro houve pedido de oração em favor da família de um jovem aluno, que depois de quatro dias na instituição, foi vítima de um acidente de trânsito, nas cercanias da escola. No segundo houve agradecimento pela providência divina, em favor de uma senhora que se submeteu a severos procedimentos médicos, e que está bem de saúde.

A pergunta que não quer calar decorre das atitudes típicas dos ambientes pentecostais. Não é contraditório que o mesmo Deus que sarou uma senhora idosa, não tenha agido em prol de um jovem aluno, tão violentamente erradicado deste mundo?

Sobre o sermão

Quem proferiu a palavra foi o pastor titular da igreja: Itaniel Silva. A mensagem versou sobre texto do livro de Efésios, com ênfase em “Deus em nós”. Na realidade tal sermão é produto final do que ocorreu na igreja do Unasp durante a semana. O tema geral foi o Espírito Santo.

Como asseverei no começo do texto, parecia uma igreja carismática. O sermão fechou com “chave de ouro”, via mensagem pentecostal dirigida aos membros adventistas daquele templo.

Pontos críticos

O pastor enfatizou que Deus não atua nas circunstâncias. Isso não ficou bem claro. Na realidade ele tentou mostrar que a presença de Deus em nós é eficaz o suficiente. Ele age na pessoa e não nas circunstâncias. Ficou mais confuso quando ele ilustrou dizendo que pessoas, sem o Espírito Santo, até podem fazer bem à humanidade, como é o caso dos cientistas. Só que essas pessoas, sem o Espírito Santo, não se dão conta de que são objetos na mão divina. Agem como se fossem méritos próprios. Quando Deus age em quem o tem dentro de si fica claro que ele não está atuando nas circunstâncias. E no caso dos que “não são da fé”? Eles não seriam uma “espécie de circunstância”?

Outro ponto: haverá um tempo que o Espírito Santo se retirará da Terra, mas não se retirará dos homens de fé (santos). Aí ficou complicado! Se o homem está na Terra e o Espírito Santo está no homem, como seria possível, então, o Espírito Santo sair da Terra? Mais: essa afirmativa entra em rota de colisão com crenças conservadoras que dão conta do seguinte: quando o Espírito Santo for retirado da Terra, haverá ausência de consolo de tal modo que mesmo os “santos” ficarão com dúvida se estão salvos ou não. Como seria possível conviver com a dúvida, tendo o Espírito Santo dentro de si?

O pastor Itaniel é bom orador, articulado, apresenta-se bem, domina a palavra, mas trouxe um sermão carecedor de consistência teológica. De sorte que o culto deste sábado, numa igreja lotada, com ar condicionado sem funcionar, não corrigiu o desastre promovido pelo pastor Paulo Cilas no sábado anterior. A mensagem, lamentavelmente, foi bem apresentada, mas inconsistente. Típica de “teologia de patrimônio”, quando se quer sustentar um credo, que não suporta sustentação. O estudo da personalidade do Espírito Santo, doutrina “jurisprudencial católica” (desculpem-me pela expressão curiosa), requer mais embasamento. Já é uma doutrina “sem o claro assim diz o Senhor” e quando apresentada em forma de colcha de retalhos, vira uma aberração teológica.

Ainda assim a igreja repetia o amém e de forma bem alta! O fazia por ignorância ou por que já aceita a IASD carismática?

Nota: Falo como uma pessoa que cursou Teologia (SALT/IAE-1985) e que se atém aos conceitos conservadores, comparando-os com os atuais. Escrevo aqui como expressão do meu ponto de vista. Não estou afirmando que a mensagem de hoje está equivocada e que a do passado está correta. No meu caso, atual agnóstico teísta, qualquer posicionamento por uma ou outra corrente, é irrelevante. As duas não merecem minha crença.

Enéias Teles Borges

19 de fevereiro de 2011

Um sermão cansativo...

Em 2011 ficou mais fácil

No corrente ano as minhas filhas estão estudando pela manhã. Uma fazendo faculdade no Mackenzie e a outra na Puc. Até que possuam condições de dirigir pelas ruas de São Paulo eu as tenho levado para as faculdades. Em razão disso eu me levanto às cinco horas da manhã. Passei a dormir mais cedo e já estou me acostumando ao novo ritmo.

No sábado eu levanto mais tarde: seis e meia da manhã. É moleza! Ficou fácil ir à igreja do Unasp/SP e assistir ao primeiro culto e depois participar da classe de escola sabatina.

Como é bem sabido eu me posto como agnóstico teísta. Ainda assim eu admito que me acostumei, ao longo dos meus anos, à rotina sabática. Não nego que gosto de ir à igreja, em busca de algo belo, num ambiente sereno e de amigos. Crer ou não crer no que é apresentado e na forma como é apresentada é indiferente, no meu caso, óbvio.

Como foi hoje?

Não foi bom. A escola sabatina, sim, foi bem agradável. O culto foi bom até que a mensagem se iniciasse. O pregador, pastor Paulo Cilas, fez um sermão muito técnico. Ao meu ver fora de ambiente. Culto de sábado, igreja lotada, verão... Ele fez um sermão que versou sobre o Espírito Santo e quase me levou a crer que era uma aula de grego (sou Bacharel em Teologia IAE/1985). Para cada palavra, em português, que ele queria enfatizar, vinha a correspondente em grego e a sua explicação. No culto divino isso é desagradável, especialmente num culto com público bem heterogêneo...

Não me dei bem

Alguns, que conhecem a minha maneira de ser, disseram que eu não escolhi um bom dia para ir à igreja do Unasp/SP. Aqueles com os quais conversei sobre o sermão também não gostaram. Também o consideraram fora de propósito e longe de ter o objetivo alcançado.

A diferença é que eu venho aqui e digo que não me dei bem.

Sei que um ou outro membro da FCFC (Fé Cega, Faca Amolada) poderá dizer: "que feio, ficar criticando um sermão..."

Meu ponto de vista: continuarei indo à igreja, quando sentir vontade e me manifestando aqui, quando sentir vontade...

Nota: Semana passada fiz teste ergométrico, a pedido do meu cardiologista. Foi muito consativo. Fiquei exausto. O sermão de hoje foi muito mais extenuante.

Enéias Teles Borges