Mudei-me
para São Paulo no dia 11 de dezembro de 1979. Vim para um colégio interno e
tinha como objetivos a conclusão do II Grau e cursar a faculdade de Teologia.
Lembro-me que chegando a São Paulo eu estava interessado em comprovar a veracidade
de uma profecia que ouvi na Igreja Adventista da cidade da qual vim. Era mais
ou menos o seguinte: no final dos tempos os adventistas seriam perseguidos
pelos católicos. Em São Paulo, na Catedral da Sé, existiam masmorras prontas
para que os adventistas fossem presos e torturados a fim de que negassem a fé e
profanassem o sábado.
Aqui
chegando juntei-me com dois colegas e num domingo fomos até o centro de São
Paulo para tentar conhecer tais masmorras. Lá chegando fomos gentilmente
convidados a conhecer os pontos importantes da Catedral, incluindo os
corredores subterrâneos. Não vimos masmorras, mas havia uma série de outras
vias, cujo acesso era privativo. Cismamos que ali, naqueles locais de acesso
privativo, estavam as malditas masmorras. Insistimos com a senhora, que nos
guiava, para que nos deixasse entrar ali, pois sabíamos da existência de
calabouços e afins. Ela, meio desconfiada, pensando que éramos trombadinhas bem
vestidos, chamou o segurança que ao ouvir nossa reinvindicação ameaçou chamar a
polícia. Diante disso nós começamos a correr e o segurança saiu, também
correndo, atrás de nós três pelas escadas acima até que, em desabalada
carreira, invadimos Praça da Sé e fugimos...
Outro dia
lembrei-me deste episódio e entrei sozinho na Catedral da Sé e pensei: estou em
2011 e aquele episódio ocorreu no final de 1979. Lá eu reconheci o segurança, à
época bem jovem e hoje um senhor de idade avançada. Pensei mais: quanta bobagem
os adultos, partidários da FCFA (Fé Cega, Faca Amolada) nos fizeram acreditar.
De certa forma a profecia se cumpriu,
pois um católico saiu em perseguição a três “destemidos” jovens adventistas...
Hoje, indo
ao Fórum João Mendes, que fica atrás da Catedral, parei na Praça da Sé, num
ponto que fica de frente para a Igreja e fiz uma foto, que ilustra esta
postagem. Enchi-me de algo que mais parece nostalgia...
Enéias Teles Borges
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